E se São Paulo tivesse vencido a Revolução de 1932?
A Revolução Constitucionalista de 1932 foi o maior conflito armado do Brasil no século XX após a proclamação da República. De julho a outubro daquele ano, São Paulo se levantou em armas contra o governo provisório de Getúlio Vargas, exigindo a convocação de uma Assembleia Constituinte. Mas e se os paulistas tivessem saído vitoriosos? Como essa vitória mudaria o Brasil política, econômica e socialmente?
4/10/20252 min ler
A vitória que nunca veio: um panorama rápido
Sob o comando do interventor Pedro de Toledo, com apoio de generais como Euclides Figueiredo e Isidoro Dias Lopes, São Paulo mobilizou cerca de 35 mil combatentes. O estado esperava adesão de outras regiões — como Minas Gerais e Rio Grande do Sul — que nunca veio. O movimento foi derrotado militarmente, mas forçou o governo a convocar uma Constituinte em 1933. Agora, imagine se o desfecho fosse outro…
Um Brasil liderado por São Paulo
Se a Revolução tivesse vencido, o governo Vargas provavelmente teria sido derrubado ainda em 1932, antes de consolidar seu poder. O movimento paulista, defensor de uma Constituição federalista e liberal, teria redirecionado o país rumo a um modelo de república descentralizada, nos moldes dos EUA.
A vitória abriria caminho para que Júlio Prestes, presidente eleito em 1930 e impedido de tomar posse, assumisse o comando nacional com apoio paulista. Isso colocaria o país numa trajetória diferente: sem o autoritarismo do Estado Novo (1937), sem a centralização de Brasília e talvez com uma democracia precoce, mais estável.
Economia mais liberal, menos Vargas
A agenda econômica da vitória paulista provavelmente teria seguido a linha liberal da oligarquia cafeeira, com menor intervenção estatal. O Brasil poderia ter adotado políticas semelhantes às de países como o Chile ou o México naquele período, priorizando acordos comerciais e incentivos à indústria privada, em vez de criar empresas estatais ou estruturar um sistema corporativista de sindicatos.
As reformas sociais, como a criação da CLT, talvez fossem postergadas ou surgissem de maneira descentralizada, negociadas entre estados e trabalhadores. O sindicalismo pelego, tão associado a Vargas, não ganharia força.
Uma cultura política paulista?
Se os vitoriosos de 1932 ditassem os rumos do país, o centro simbólico e cultural do poder passaria definitivamente de Rio de Janeiro para São Paulo. O 9 de Julho seria feriado nacional, e monumentos aos combatentes estariam espalhados por todo o Brasil.
A memória da revolução deixaria de ser regional e se tornaria fundadora de uma identidade nacional constitucionalista. A história oficial destacaria São Paulo como o berço da democracia brasileira moderna.
Consequências para o Brasil profundo
Com maior descentralização, estados do Norte e Nordeste poderiam ter desenvolvido economias mais autônomas, com maior protagonismo local. Isso poderia atenuar o histórico desequilíbrio federativo que ainda marca o país. Por outro lado, o risco de fragmentação política e desigualdade institucional entre os estados também seria real.
Como seria o Brasil hoje se São Paulo tivesse vencido?
Teríamos evitado o Estado Novo e o fortalecimento do autoritarismo?
A democracia teria amadurecido mais cedo?
O trabalhismo varguista nunca teria surgido?
A industrialização ocorreria de forma menos estatizante?
São perguntas difíceis de responder, mas fundamentais para entender o peso da derrota paulista e o quanto 1932 moldou — ou deixou de moldar — o Brasil que conhecemos.