E se Pelé tivesse jogado pela seleção da Itália?

A simples hipótese de Pelé, o Rei do Futebol, ter defendido as cores da seleção italiana em vez do Brasil provoca um curto-circuito no imaginário esportivo nacional.

4/16/20252 min ler

Ídolo incontestável da camisa canarinho, Pelé está indelevelmente ligado à identidade brasileira. Mas, e se ele tivesse escolhido – ou sido obrigado pelas circunstâncias – a vestir a azzurra?

Um ícone global com outra bandeira

Nascido Edson Arantes do Nascimento em Três Corações, Minas Gerais, Pelé ascendeu rapidamente à fama nos anos 1950. Mas em um cenário alternativo, podemos imaginar que, por razões familiares, políticas ou mesmo financeiras, sua carreira juvenil o levasse para a Europa. Talvez um olheiro italiano o descobrisse ainda adolescente e, com naturalização rápida, o encaixasse na seleção italiana antes de sua estreia com o Brasil.

Sob essa hipótese, a Itália teria conquistado mais títulos nas décadas de 60 e 70. Em vez de três Copas do Mundo pelo Brasil, Pelé poderia ter sido o herói italiano, mudando radicalmente o mapa da glória futebolística. O tricampeonato brasileiro talvez nunca acontecesse. E o Brasil, sem o ícone unificador, perderia boa parte da construção do seu orgulho esportivo pós-guerra.

O que seria do futebol brasileiro?

Sem Pelé, a seleção brasileira dos anos 50 e 60 teria um vácuo criativo. Garrincha ainda brilharia, mas sem a sinergia com Pelé, talvez seu impacto fosse menor. Os títulos de 1958 e 1970 estariam ameaçados. A influência estética do “futebol arte” perderia força — e talvez o pragmatismo europeu se impusesse mais cedo no Brasil.

Além disso, a imagem do Brasil como "país do futebol" talvez nunca tivesse se consolidado com tanta força. O marketing global ligado à seleção canarinho, à ginga brasileira e ao samba nos estádios seria diluído. E, com isso, o Brasil perderia uma de suas maiores exportações culturais.

A revolução no futebol europeu

A Itália, por outro lado, teria se beneficiado enormemente. Pelé poderia ter feito parceria com jogadores como Gianni Rivera ou Sandro Mazzola, dominando o futebol mundial antes da era Maradona. O “catenaccio”, famoso sistema defensivo italiano, poderia ter sido remodelado para abrigar o estilo ofensivo de Pelé — antecipando uma revolução tática no futebol europeu.

A Serie A se tornaria o epicentro do futebol-arte, talvez décadas antes da ascensão da Premier League ou da La Liga. O futebol italiano deixaria de ser conhecido pela frieza e rigidez tática, assumindo uma nova identidade mais vibrante e popular.

Um Brasil sem rei

No plano simbólico, a ausência de Pelé em nossa história teria profundas consequências. Em uma nação marcada por desigualdades, Pelé simbolizou o triunfo do talento sobre a origem humilde, do negro pobre que virou rei. Sua figura transcendia o esporte: era cultura, política e autoestima nacional.

Sem ele, o Brasil perderia um de seus maiores mitos fundadores modernos. Talvez outro craque ocupasse seu lugar — mas é difícil imaginar que alguém conseguisse sintetizar tantos significados como Pelé.

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