E se o Rio Grande Do Sul tivesse se separado do país?

Imagine um Brasil sem o Rio Grande do Sul. Nenhum chimarrão nos domingos de outono em São Paulo, nenhum churrasco gaúcho como parte da identidade nacional. Agora pense no impacto político, econômico e cultural disso.

4/10/20253 min ler

two man riding horses
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Foi quase real: entre 1835 e 1845, o estado travou uma guerra contra o Império. Mas e se a Revolução Farroupilha tivesse resultado na independência definitiva? O que aconteceria com o Brasil — e com o Cone Sul?

⚔️ O que foi a Revolução Farroupilha?

A Revolução Farroupilha foi uma guerra civil que começou no Rio Grande do Sul e se espalhou por Santa Catarina. Seus principais líderes, como Bento Gonçalves, Giuseppe Garibaldi e David Canabarro, lutavam contra o autoritarismo imperial e os altos impostos sobre produtos locais, como o charque.

  • 1835: rebeldes tomam Porto Alegre.

  • 1836: proclamam a República Rio-Grandense, com sede em Piratini.

  • 1839: fundam a República Juliana em Laguna, Santa Catarina.

  • 1845: assinam a paz com o Império, sem punições severas.

🧠 E se os farrapos tivessem vencido?

🏳️ 1. Um país independente no sul da América

O Estado do Rio Grande do Sul teria se consolidado como uma república autônoma. Com uma identidade própria — influenciada por ideias iluministas, o republicanismo francês e a cultura dos pampas —, o novo país poderia ter seguido os moldes do Uruguai ou da Argentina.

Provavelmente, Santa Catarina se uniria a ele, formando um território estrategicamente localizado, com acesso ao Oceano Atlântico, fronteiras com Argentina e Uruguai, e grande vocação agroexportadora.

🧭 2. O impacto no Império do Brasil

A separação do sul teria desencadeado um efeito dominó em outras províncias:

  • São Paulo e Minas Gerais, com força econômica, poderiam exigir mais autonomia.

  • Bahia e o Recife, já com histórico de revoltas, talvez lutassem por independência.

  • O Império de Dom Pedro II, ainda jovem em 1845, poderia ruir antes mesmo do Segundo Reinado.

🔥 3. Conflitos ou alianças regionais?

O novo país teria que negociar com potências vizinhas. Uma aliança com o Uruguai era possível — mas também havia o risco de conflito com a Confederação Argentina, que via com desconfiança qualquer expansão republicana no sul.

E com Garibaldi envolvido, o movimento teria uma aura internacionalista. Ele mais tarde seria herói na Itália, mas sua experiência no sul do Brasil talvez o tivesse tornado um dos nomes mais influentes da política sul-americana.

🌎 Como seria a República Rio-Grandense hoje?

Se tivesse resistido à centralização do Império e conquistado sua independência, a República Rio-Grandense talvez hoje fosse um país com forte identidade cultural, economia baseada no agronegócio e tradição industrial, além de laços estreitos com os vizinhos do Mercosul. Poderia manter uma política externa pragmática e, quem sabe, uma democracia parlamentarista nos moldes europeus. A língua oficial provavelmente ainda seria o português, mas com expressões e sotaques marcadamente gaúchos. A capital, Porto Alegre, se consolidaria como um centro político, cultural e estratégico do Cone Sul.

👤 Personagens históricos centrais

  • Bento Gonçalves (1788–1847): militar e líder da revolta, primeiro presidente da república gaúcha.

  • Giuseppe Garibaldi (1807–1882): revolucionário italiano que trouxe idealismo e conexões internacionais.

  • Dom Pedro II (1825–1891): imperador adolescente à época da revolta, cuja autoridade foi testada repetidamente.

📚 Recomendações de leitura:

  1. “A Guerra dos Farrapos” – Sandra Pesavento
    Uma análise moderna e acessível da revolução que quase separou o Brasil.

  2. “Garibaldi na América do Sul” – Ana Maria Fausto
    Um olhar sobre o jovem aventureiro europeu que quase fundou uma nova pátria nos pampas.

  3. “O Espírito Gaúcho” – Paixão Côrtes
    Livro que ajuda a entender a identidade cultural dos sulistas.

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Se o Rio Grande do Sul tivesse se separado do Brasil, talvez hoje o mapa da América do Sul fosse completamente diferente. O Brasil teria seguido dividido, o Império talvez ruído ainda no século XIX, e o sul poderia ter se tornado um dos países mais prósperos do continente. Mas o que permanece é a força simbólica da revolta — e a vontade de pensar um Brasil que poderia ter sido diferente.