E se o Brasil tivesse vencido a Primeira Guerra Mundial?
Oficialmente, o Brasil participou da Primeira Guerra Mundial (1914–1918) de forma modesta, após romper relações com a Alemanha em 1917, após ataques a navios brasileiros no Atlântico. A contribuição brasileira ficou restrita à Marinha e a uma missão médica. Mas imagine um cenário em que o Brasil entra no conflito com força — tropas terrestres, estratégia militar, investimento pesado. E sai de lá como nação vitoriosa e protagonista ao lado das potências aliadas. O que mudaria?
4/10/20252 min ler
Um Brasil mais ambicioso em 1917
Para que isso ocorresse, o governo de Venceslau Brás teria que ter transformado o ataque aos navios brasileiros numa causa nacional. Em vez de manter uma postura simbólica, o país poderia ter declarado guerra total à Tríplice Aliança (Alemanha, Império Austro-Húngaro e Império Otomano) e enviado tropas ao front europeu ao lado da França, Reino Unido e EUA.
Esse esforço exigiria modernização do Exército, financiamento externo e mobilização nacional. Uma entrada ambiciosa em 1917 poderia garantir ao Brasil um lugar à mesa de negociações em 1918, após a rendição alemã.
O Tratado de Versalhes e a nova posição brasileira
Caso o Brasil tivesse participado ativamente e com destaque, como o Canadá ou a Austrália (ambos colônias com presença significativa na guerra), poderia ter obtido concessões territoriais, econômicas ou mesmo influência geopolítica.
O país teria sido signatário de destaque no Tratado de Versalhes, talvez ganhando acesso preferencial a colônias alemãs na África ou em acordos comerciais com potências europeias em reconstrução.
É possível imaginar o Brasil reivindicando parte das colônias alemãs no sudoeste africano (como Togo ou Camarões), ou estabelecendo bases militares permanentes no Atlântico Sul — algo que lhe daria voz em decisões estratégicas nas décadas seguintes.
Um exército mais profissional, uma elite mais militarizada
A guerra exigiria a criação de uma estrutura militar moderna — logística, armamento, treinamento, academias. Isso poderia acelerar a profissionalização das Forças Armadas e dar aos militares um protagonismo ainda maior nos rumos do país, antecipando o papel que desempenhariam a partir de 1930.
A elite política passaria a disputar espaço com generais vitoriosos, possivelmente levando a uma cultura de intervenção mais institucionalizada. Isso poderia tanto estabilizar a ordem nacional, quanto gerar crises futuras, como golpes e disputas entre civis e militares mais frequentes.
Implicações sociais e econômicas
O esforço de guerra forçaria o Brasil a acelerar sua industrialização. Armas, munições, uniformes, alimentos — a demanda por produção interna se multiplicaria. Isso geraria empregos nas cidades, crescimento urbano e início de uma classe trabalhadora mais organizada.
A atuação internacional bem-sucedida colocaria o Brasil no radar diplomático global. Seria mais fácil negociar com os EUA, atrair investimentos europeus e ingressar em instituições multilaterais com peso real.
Além disso, soldados que lutassem na Europa voltariam com ideias novas sobre organização, direitos, revolução e nacionalismo. Isso poderia acelerar reformas sociais ou, por outro lado, criar tensões políticas nos anos 1920.
Um século XX com o Brasil protagonista?
Se o Brasil tivesse saído da Primeira Guerra como nação vitoriosa, talvez tivesse entrado na Segunda Guerra como potência emergente, ao lado dos EUA. Poderia ter pleiteado papel na criação da ONU, influência no FMI e protagonismo na América Latina — rivalizando com a Argentina, o México e até mesmo com o Canadá.