E se o Brasil tivesse ficado neutro na Segunda Guerra Mundial?
Em 1942, Getúlio Vargas declarou guerra ao Eixo, marcando a entrada oficial do Brasil na Segunda Guerra Mundial. O país enviou a Força Expedicionária Brasileira (FEB) à Europa e, ao lado dos Aliados, ajudou a derrotar o nazifascismo. Mas e se o Brasil tivesse escolhido o caminho da neutralidade, como fizeram outros países latino-americanos, como a Argentina e o Chile?
4/10/20252 min ler


O contexto da decisão
Nos anos 1930 e início dos 1940, o Brasil vivia sob o Estado Novo de Getúlio Vargas, uma ditadura de inspiração nacionalista e autoritária. O país mantinha relações comerciais tanto com os Estados Unidos quanto com a Alemanha nazista — e evitava tomar partido diretamente no conflito.
A pressão dos Estados Unidos aumentou após o ataque a Pearl Harbor (1941), e em 1942, com o afundamento de navios brasileiros por submarinos alemães, a opinião pública se inclinou a favor da guerra. A entrada do Brasil ao lado dos Aliados parecia inevitável.
Mas... e se Vargas tivesse resistido?
Um Brasil neutro: possíveis consequências
Se o Brasil tivesse se mantido neutro:
A base aérea de Natal (RN) talvez não tivesse se tornado ponto estratégico para os Aliados, o que diminuiria o interesse dos EUA na região.
O país poderia ter ampliado sua influência como mediador diplomático entre nações sul-americanas.
A industrialização brasileira, impulsionada pelos acordos com os Estados Unidos durante a guerra (como a criação da Companhia Siderúrgica Nacional em 1941), poderia ter sido adiada ou assumido outra forma.
E Vargas?
Getúlio poderia ter sustentado seu regime autoritário por mais tempo. A participação brasileira na guerra contribuiu para que os Estados Unidos pressionassem pela redemocratização após 1945. Sem esse envolvimento, o Estado Novo poderia ter durado além da década de 1940.
O Brasil, portanto, poderia ter demorado mais a realizar eleições diretas e talvez nunca tivesse tido um presidente como Juscelino Kubitschek tão cedo.
Isolamento internacional?
A neutralidade também traria um custo alto:
O país poderia ser visto com desconfiança pelo bloco vencedor.
Não teria assento como membro-fundador da ONU, algo que garantiu prestígio ao longo da Guerra Fria.
A FEB não teria construído o legado de heroísmo militar que impulsionou o prestígio do Exército nos anos seguintes — algo que teve consequências tanto positivas quanto controversas, especialmente na política dos anos 1960.
Efeitos na cultura nacional
O envolvimento na guerra influenciou filmes, livros, canções e a visão que o brasileiro passou a ter do mundo. Sem esse engajamento:
O país poderia ter mantido uma perspectiva mais insular, com menos trocas culturais.
A experiência dos pracinhas da FEB na Itália não teria existido, tirando do Brasil um de seus primeiros contatos com o cenário internacional pós-colonial.
Produtos recomendados para aprofundar no tema
📘 Livros:
“1942: O Brasil e sua guerra quase desconhecida” – João Barone: Um mergulho na participação brasileira no conflito.
“A Segunda Guerra Mundial e o Brasil” – Francisco Doratioto: Aborda as decisões estratégicas do governo Vargas.
“O Brasil na Mira de Hitler” – Marcos Guterman: Mostra como o país era alvo do interesse alemão.
🎓 Cursos:
Geopolítica da Segunda Guerra Mundial: Entenda as estratégias por trás dos grandes conflitos globais.
História do Brasil Contemporâneo: Curso que detalha o impacto da guerra sobre a política e economia brasileiras.
A neutralidade do Brasil na Segunda Guerra Mundial mudaria o curso da política, da industrialização, da diplomacia e até da formação cultural do país. Poderíamos ter demorado mais para emergir como uma nação com voz ativa no cenário global — ou talvez tivéssemos nos desenvolvido em outra direção, menos dependente de alianças internacionais.
Mas, como a história mostrou, o Brasil escolheu lutar. E essa escolha moldou boa parte do que viria depois.