E se Dom João VI tivesse sido aprisionado pelos franceses antes de embarcar para o Brasil em 1807?

Em novembro de 1807, diante do avanço das tropas de Napoleão Bonaparte rumo a Lisboa, a Família Real Portuguesa embarcou às pressas para o Brasil, numa manobra genial. Mas… e se tudo tivesse dado errado?

4/14/20253 min ler

Categoria: História alternativa / Império / Colonização

A transferência de aproximadamente 30 mil altos funcionários, nobres, sacerdotes e artistas, junto com o tesouro do reino e todo o acervo da Biblioteca Real (hoje Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro) mudou para sempre a história brasileira — transformando a colônia em sede do Império Português e abrindo caminho para sua independência.

Mas… e se tudo tivesse dado errado?

E se Dom João VI tivesse sido capturado pelos franceses antes de fugir?

O risco real: a pressão de Napoleão e o caos em Lisboa

A ameaça não era hipotética. Napoleão ordenou a invasão de Portugal por três motivos centrais:

  • Portugal insistia em manter relações comerciais com a Inglaterra;

  • A família real resistia ao bloqueio continental francês;

  • O império luso era estratégico no xadrez geopolítico europeu.

A invasão de Lisboa começou em 30 de novembro de 1807 — exatamente um dia após a fuga de Dom João e sua corte. A pressa foi fundamental. Se os navios estivessem atrasados ou se o mar estivesse revolto, o regente seria capturado.

Como escreveu o historiador Kenneth Maxwell, “a transferência da corte foi um lance de mestre político e um milagre logístico”. Mas… e se não tivesse ocorrido?

Portugal vira satélite francês — e o Brasil segue colônia

Com Dom João VI aprisionado, Portugal se transformaria num Estado satélite do império napoleônico. Napoleão chegou a instalar seu irmão, Joseph Bonaparte, como rei da Espanha — poderia fazer o mesmo com Portugal.

O Brasil, nesse cenário, não se tornaria sede do império. Permaneceria uma colônia distante, gerida por burocratas alinhados à França, sem abertura dos portos nem estímulo ao desenvolvimento local.

A independência seria adiada (ou teria outra forma)

A chegada da corte ao Brasil em 1808 desencadeou uma série de transformações:

  • Abertura dos portos às nações amigas;

  • Criação do Banco do Brasil e de universidades;

  • Instalação de tipografias e imprensa.

Sem isso, a emancipação brasileira possivelmente aconteceria muito depois — talvez até junto às independências hispano-americanas, por meio de guerras sangrentas e fragmentação territorial, como ocorreu com o vice-reinado do Prata.

Uma possibilidade alternativa: o Brasil se torna parte do Império Francês?

Sim, essa hipótese é explorada por alguns teóricos da história contrafactual. Se Portugal se tornasse satélite francês, e o Brasil continuasse sendo sua colônia, o território poderia cair sob domínio francês indireto — via alianças locais e pressão militar.

Nesse cenário:

  • A língua portuguesa seria marginalizada nas elites;

  • O direito napoleônico substituiria as bases do sistema colonial lusitano;

  • As elites locais talvez adotassem valores revolucionários (igualdade, laicidade), mas de modo conflitante com a estrutura escravista do país.

E Dom João VI, preso?

Se capturado, o destino de Dom João VI poderia ser trágico.

Napoleão não costumava ser misericordioso com monarcas resistentes. Ele prendeu o papa Pio VII, humilhou os Habsburgo e obrigou o rei da Espanha a abdicar.

Dom João poderia ser:

  • Exilado em uma fortaleza francesa;

  • Forçado a abdicar em favor de um novo monarca francês em Lisboa;

  • Ou até mesmo executado — caso Napoleão quisesse deixar um recado simbólico à Europa monárquica.

Visões da historiografia

Historiadores como Oliveira Lima e Laurentino Gomes destacam a importância do gesto de 1808 como fundacional para o Brasil moderno. A presença da corte foi, para muitos, um “atalho civilizatório” — com todas as suas contradições.

Já análises contemporâneas da história contrafactual, como as de Niall Ferguson, indicam que decisões pontuais como a fuga de uma família real podem ter impactos desproporcionais nos rumos das nações.

Conclusão

Se Dom João VI tivesse sido capturado antes de embarcar para o Brasil, o país que conhecemos hoje seria irreconhecível.

A monarquia portuguesa talvez nunca tivesse se instalado aqui. A independência poderia ter sido adiada, conflituosa e fragmentada. O Brasil talvez fosse apenas mais uma república desunida entre tantas da América Latina — ou até um território de influência francesa.

A decisão desesperada de um rei, em 1807, moldou mais do que o destino de um império: moldou o próprio Brasil.

🌎 Produtos para mergulhar nesse universo histórico alternativo

📘 Livro: “1808”, de Laurentino Gomes
A narrativa definitiva sobre a fuga da corte portuguesa e os bastidores da decisão que moldou o Brasil moderno.
🔗 Ver na Amazon: https://amzn.to/3XZ7uY0

📘 Livro: Trilogia Família Real no Brasil

Resultado de dez anos de pesquisa, a obra conta com imagens da época e aborda de forma acessível, divertida e inacreditavelmente real os acontecimentos mais importantes da construção do Estado brasileiro no século XIX. Uma leitura essencial para todos que desejam compreender melhor a história do nosso país.

🔗 Ver na Amazon: https://amzn.to/3Re1uqy

🌍 Mapa decorativo: Mapa Mundi Antigo (1728)
Perfeito para entender o contexto europeu da época e decorar seu espaço com estilo.
🔗 Ver na Amazon: https://amzn.to/4ilVUxt