E se a TV Globo nunca tivesse existido?

Poucas instituições brasileiras foram tão influentes quanto a TV Globo. E se o "Doutor Roberto" não tivesse fundado a campeã de audiência?

4/15/20254 min ler

Fundada em 1965, em plena ditadura militar, a emissora se tornou sinônimo de televisão no Brasil. Seus programas dominaram a audiência por décadas, lançaram modas, consolidaram o português “neutro” como padrão e pautaram tanto o entretenimento quanto o noticiário. Mas e se ela não tivesse existido?

A ausência da TV Globo criaria um vácuo cultural, político e técnico difícil de preencher. A televisão brasileira seria outra. E talvez, o Brasil também fosse.

Neste post, exploramos essa realidade alternativa com profundidade histórica e crítica, imaginando um país onde o "plim plim" nunca soou.

O vácuo na formação da identidade cultural nacional

Durante os anos 70, 80 e 90, a Globo foi o principal espelho da cultura brasileira. Em um país de dimensões continentais, onde poucos têm acesso à educação formal ou a bens culturais, a televisão tornou-se o principal vetor de unificação simbólica. E nenhuma emissora fez isso tão bem quanto a Globo.

Suas novelas entravam no cotidiano de milhões e criavam conversas em comum do Norte ao Sul. O “padrão Globo de qualidade” influenciou até outras emissoras — e passou a ditar como o Brasil se via.

Sem essa emissora, teríamos provavelmente uma cultura televisiva mais fragmentada. Em vez de uma narrativa nacional centralizada, cada estado talvez desenvolvesse suas próprias estrelas, sotaques, estilos e formatos. Essa diversidade poderia ter sido enriquecedora... ou poderia ter nos isolado ainda mais regionalmente, em um tempo pré-internet.

O impacto político: menos influência, mais pluralidade?

Desde os tempos da ditadura, a TV Globo é acusada de exercer poder político. Documentos históricos mostram sua proximidade com o regime militar e sua atuação nos bastidores de momentos decisivos, como as Diretas Já ou o debate entre Lula e Collor em 1989.

Sem a Globo, talvez a democracia brasileira tivesse se desenvolvido com mais vozes desde o início da redemocratização. A informação poderia vir de múltiplas fontes, cada uma com seu viés — mas também com menos capacidade de manipulação centralizada.

Por outro lado, essa pulverização poderia também ter dificultado a formação de consensos nacionais. A pluralidade informativa exige uma população educada e crítica, o que nem sempre foi a realidade brasileira. O risco de desinformação, já presente mesmo com a Globo, talvez tivesse sido ainda maior.

A revolução técnica que não teria acontecido

A Globo elevou o nível técnico da produção televisiva no Brasil. Desde o uso de câmeras de cinema nas novelas dos anos 80 até os estúdios ultramodernos do Projac, a emissora sempre foi vanguarda.

Essa excelência exigia investimentos massivos, que poucas empresas poderiam bancar. Ela também formou gerações de diretores, roteiristas, produtores e técnicos altamente qualificados — que depois exportaram sua expertise para o cinema, o streaming e outras mídias.

Sem a Globo, o Brasil talvez estivesse ainda preso a um modelo amador de televisão. Ou então, dependeríamos muito mais de conteúdos estrangeiros dublados — o que teria enfraquecido ainda mais nossa produção cultural local.

Esporte sem hegemonia: futebol mais descentralizado?

A TV Globo fez do futebol um espetáculo midiático sem precedentes. Contratou narradores carismáticos, impôs horários de jogos, criou vinhetas icônicas e monopolizou os direitos de transmissão por décadas.

Sem a emissora, talvez o futebol brasileiro não tivesse a mesma visibilidade. Os clubes dependeriam de acordos regionais, e talvez a força de times fora do eixo Rio-SP fosse maior. O rádio, por exemplo, poderia ter permanecido como o principal canal esportivo.

O que seria da Seleção sem as transmissões em HD, os closes dramáticos, o som ambiente e a trilha épica das copas? Mas também: o que teria sido do futebol brasileiro sem os contratos assimétricos, que beneficiaram grandes clubes e asfixiaram os menores?

A emergência (ou não) de outras potências midiáticas

A ausência da Globo abriria espaço para que outras emissoras crescessem mais cedo. O SBT, fundado em 1981, poderia ter assumido a liderança. A Record, com seu vínculo com a Igreja Universal, talvez tivesse ampliado ainda mais sua influência.

Mas também é possível que o Brasil tivesse vivido um hiato de qualidade televisiva até o surgimento da TV por assinatura ou da internet. A Globo não só dominou — ela elevou a régua. Sem esse parâmetro, a concorrência teria sido menos provocada a evoluir.

Por outro lado, a produção cultural poderia ter seguido um rumo mais descentralizado e autoral, com fortalecimento de TVs públicas, canais universitários e até rádios comunitárias com alcance audiovisual.

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Conclusão

A Globo é uma instituição que desperta amor, ódio e respeito — muitas vezes ao mesmo tempo. Sua ausência teria mudado profundamente a história da comunicação no Brasil. Teríamos mais diversidade? Talvez. Teríamos menos qualidade? Possivelmente.

Mas, acima de tudo, pensar nesse cenário nos ajuda a refletir sobre o papel da mídia na construção das nossas ideias, memórias e identidade.

O que você vê, ouve e lê... também forma quem você é.