E se a família Rockefeller tivesse investido no Brasil em vez dos EUA?
Como seria o Brasil se a poderosa família Rockefeller tivesse concentrado seus investimentos aqui em vez dos Estados Unidos? Um Rio ou São Paulo como Nova York?
4/17/20254 min ler


Como isso poderia ter transformado o Rio de Janeiro ou São Paulo em centros financeiros globais
Poucos sobrenomes têm tanto peso na história do capitalismo quanto Rockefeller. John D. Rockefeller, fundador da Standard Oil, é considerado o homem mais rico de todos os tempos, ajustado pela inflação. Seu império moldou a economia dos Estados Unidos no final do século XIX e começo do XX, com impactos profundos na indústria do petróleo, nos bancos, na filantropia e no desenvolvimento urbano — especialmente em Nova York.
Mas… e se essa história tivesse seguido um rumo diferente? E se a família Rockefeller, em vez de consolidar sua fortuna e influência nos Estados Unidos, tivesse decidido investir no Brasil?
Essa hipótese nos convida a imaginar um Brasil profundamente diferente — talvez com São Paulo ou Rio de Janeiro ocupando o papel global que hoje pertence a Nova York ou Londres.
Por que o Brasil?
Embora pareça improvável à primeira vista, há elementos históricos que poderiam dar verossimilhança a essa ideia. No século XIX, o Brasil era o maior produtor mundial de café, e sua economia, ainda que agrária, atraía capital estrangeiro. A independência já havia sido consolidada e o Império brasileiro mantinha relações diplomáticas com os EUA.
E se, por exemplo, John D. Rockefeller, buscando novos mercados para sua nascente indústria petrolífera, visse no Brasil um território fértil? Um país com vastas reservas naturais, mercado consumidor em crescimento e um sistema político relativamente estável (em comparação com outras nações latino-americanas)?
Como se daria essa mudança de rota?
Suponhamos que, em meados da década de 1870, ao expandir os negócios da Standard Oil, Rockefeller optasse por estabelecer sua sede internacional em São Paulo ou Rio de Janeiro, aproveitando a proximidade do Atlântico Sul, as rotas marítimas com a Europa e o potencial de crescimento urbano do país.
Com capital, influência e tecnologia, ele poderia ter investido não só no setor energético, mas também em infraestrutura, bancos, comunicações e imóveis — exatamente como fez nos Estados Unidos.
A transformação urbana: um Rio de Janeiro vertical?
Se Nova York se tornou símbolo da modernidade com seus arranha-céus, parques públicos, linhas de metrô e instituições financeiras, muito disso se deve aos investimentos e à visão urbana moldada por grandes capitalistas como os Rockefeller.
No Brasil, poderíamos ver um Rio de Janeiro com skyline semelhante ao de Manhattan. O Centro do Rio, que já era coração político e financeiro do país, poderia ter sido verticalizado nas primeiras décadas do século XX, com prédios como o Empire State sendo erguidos no coração da Avenida Rio Branco ou na região do Castelo.
São Paulo, por sua vez, já se tornava polo econômico com base no café. Com investimentos pesados, poderia ter se adiantado na criação de bolsas de valores robustas, sistemas bancários de primeira linha e um polo de tecnologia e pesquisa em universidades fundadas por fundações Rockefeller.
Efeitos econômicos: um Brasil industrializado mais cedo?
A presença da Standard Oil e do capital Rockefeller poderia ter acelerado o processo de industrialização no Brasil. Refino de petróleo, distribuição de energia elétrica, fundações de empresas automobilísticas, químicas e ferroviárias — tudo poderia ter acontecido aqui, e não nos EUA.
A criação de grandes conglomerados nacionais, moldados à imagem da General Electric ou da Exxon, poderia ter colocado o Brasil na vanguarda da economia global. A dependência das commodities talvez tivesse sido superada ainda no início do século XX.
O surgimento de um centro financeiro internacional
Com bancos próprios e influência global, os Rockefeller foram fundamentais para transformar Nova York em um dos maiores centros financeiros do planeta. Caso esse papel tivesse sido assumido pelo Rio de Janeiro ou São Paulo, o Brasil se tornaria referência em mercados de capitais, moeda forte e ambiente de negócios.
Investidores de todo o mundo viriam para cá. Bolsas de valores robustas atrairiam IPOs de empresas da Europa, da Ásia. O português poderia se tornar a língua franca das finanças globais.
Educação, ciência e filantropia: um país com mais pesquisa e menos desigualdade?
A família Rockefeller não se destacou apenas pela fortuna: também foi precursora da filantropia moderna. Fundaram universidades, centros de pesquisa, hospitais e instituições científicas.
Se esse modelo fosse transplantado para o Brasil, poderíamos ver, ainda no século XIX ou início do XX, a criação de universidades com excelência mundial, institutos de saúde pública com alcance continental e projetos sociais para combater a pobreza e promover a educação.
É possível imaginar que, com isso, o Brasil reduzisse desigualdades históricas de forma mais eficaz — e construísse uma elite intelectual com projeção internacional.
Resistência e conflitos?
Claro, esse cenário também traria tensões. Um Brasil sob forte influência de capital estrangeiro poderia enfrentar resistências nativistas, nacionalistas e anti-imperialistas — especialmente durante a Era Vargas, com sua política de valorização do “conteúdo nacional”.
Como reagiriam as elites locais à presença de um bilionário estrangeiro controlando setores estratégicos? E os militares? E a Igreja? A convivência entre poder local e poder estrangeiro nem sempre é pacífica.
É possível que tivéssemos, mais cedo, movimentos de regulação estatal, talvez até expropriações ou nacionalizações — ou, por outro lado, uma convivência pragmática que permitisse ao Brasil manter sua soberania sem abrir mão dos investimentos.
O que não mudaria?
É improvável que apenas o investimento de uma família, por mais poderosa que fosse, solucionasse todos os problemas estruturais do Brasil. A escravidão tardia, as desigualdades regionais, o racismo estrutural, a concentração fundiária — tudo isso ainda precisaria ser enfrentado por meio de políticas públicas consistentes.
Mas o impacto simbólico e prático da presença de um ator como os Rockefeller certamente teria acelerado o desenvolvimento econômico e urbano do país.
Conclusão: o Brasil como potência financeira?
Ao imaginar um Brasil como lar da família Rockefeller, projetamos mais do que riqueza: projetamos um país com protagonismo global, influência cultural e poder econômico real.
Talvez o Rio de Janeiro estivesse hoje entre as três cidades mais influentes do planeta. Talvez São Paulo disputasse com Londres e Hong Kong a liderança em finanças. Talvez o Brasil não fosse visto como “país do futuro” — mas como o país que já chegou lá, há mais de um século.